O Flamengo Forte Oficial está de olho nessa movimentação do novo acordo pelos direitos de transmissão do Brasileirão entre os clubes e a Tv Globo. Pegamos aqui a visão do excelente profissional Rodrigo Capelo e trouxemos para vocês.
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Na negociação pelos direitos de transmissão do Brasileirão, preocupados com desequilíbrio, dirigentes importaram o modelo inglês de distribuição do dinheiro. Sem querer, meteram-se numa enrascada. Todos os clubes correm sério risco – inclusive o teu. Chega aí que explico por quê.
Cada clube negociou individualmente seus direitos de transmissão do Brasileirão até 2018, sempre em pacote com tudo dentro: TV aberta, TV fechada e pay-per-view. Acordou tal valor com a Globo, combinou o fluxo de pagamento, armou suas antecipações de verba. Isso mudará em 2019.
Num cenário que contava com a concorrência do Esporte Interativo em cima da Globo, clubes pleitearam mudanças na distribuição do dinheiro. Queriam o modelo inglês, da Premier League, no qual 50% do valor são divididos igualmente, 25% conforme audiência, 25% mediante performance.
A Globo montou um sistema, então, no qual reparte R$ 1,1 bilhão por TV aberta e TV fechada em 40-30-30. Parece esquema tático, mas é a simplificação de 40% iguais para todos os clubes, 30% conforme número de partidas transmitidas, 30% mediante colocação na tabela do Brasileirão.
Se o novo modelo de distribuição vai equilibrar ou desequilibrar o Brasileirão, ainda é cedo para concluir. Mas já sabemos que, por causa desta mudança, os clubes passarão por uma tormenta jamais vista já no primeiro semestre de 2019. E aí é que a gente entra no fluxo de caixa.
Se você tem garantidos apenas 40% da verba, que equivalem a R$ 22 milhões por clube, esta é a única parte que você pode combinar de receber já a partir de janeiro. Os outros 60% são variáveis, e portanto imprevisíveis. Como a Globo pagará esses 60% antes de o Brasileirão começar?
Os 30% referentes às transmissões só serão pagos a partir de junho, pois maio será o primeiro mês com Brasileirão. A Globo contará quantas transmissões fez de cada um e repartirá a grana. E os 30% vinculados à tabela só poderão ser pagos em dezembro, quando o campeonato acaba.
Precisamos lembrar que, especialmente no futebol brasileiro, contrato de televisão é também o contrato preferido na hora de antecipar dinheiro em triangulação com banco. Antes os clubes podiam antecipar 100% das receitas. Agora só 40%. Muitos serão asfixiados nos próximos meses.
Teremos mais clareza sobre a gravidade de cada clube no começo do ano que vem, quando os balanços nos darão subsídios para análise. Para já, podemos antever Botafogo, Fluminense e Vasco em situações gravíssimas. Sobretudo porque esses já anteciparam verbas do estadual de 2019.
A real é que nenhum clube está livre da tormenta. Os que estão melhor preparados são Flamengo e Palmeiras, com receitas mais altas do que os demais, ambos com créditos a receber por negociações. E o Grêmio, que, consciente, vem preparando seu fluxo de caixa há mais de um ano.
O que pode ser feito para salvar o primeiro semestre do futebol em 2019? Alguns diretores financeiros, os mais esclarecidos, marcaram reuniões com todos os clubes, Globo, CBF e Apfut – órgão do governo que monitora o Profut. A primeira reunião em julho, a segunda em setembro.
A proposta mais clara até agora é a reorganização do pagamento dos 40% garantidos para todos. Em vez de receber parcelas mensais, os clubes teriam R$ 16,5 milhões (75%) no primeiro semestre, cada, e R$ 5,5 milhões (25%) no segundo. Mas a renegociação com a Globo ainda não acabou.
Fato é que, mesmo que a renegociação com a Globo confirme esses moldes, essa reorganização do fluxo não resolve o problema. É muito dinheiro a menos do que o modelo vigente até aqui entregava no primeiro semestre. Ou clubes caem na real, ou vai ter muita gente quebrando em 2019.
Fonte : Flamengo Forte Oficial | Rodrigo Capelo
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